sábado, 10 de maio de 2008

MEU OLHO DÓI

Um camponês aproximou-se de Nasrudin, e queixando-se de que seu olho doía, pediu-lhe um conselho.

No que o Mullá respondeu:

- Outro dia meu dente doía, e não me acalmei enquanto não o arranquei.

O VARAL

Um vizinho bateu à porta do Nasrudin e pediu:

- Nasrudin, você me empresta seu varal? O de lá de casa quebrou.

- Um momento, disse Nasrudin - vou perguntar à minha mulher.

Momentos depois Nasrudin voltou e disse para o vizinho:

- Desculpe vizinho, mas não vou poder emprestar o varal. Minha mulher está secando farinha nele.

O vizinho, surpreso, exclamou:

- Mas Nasrudin, secando farinha no varal??!!

E Nasrudin respondeu:

É... quando não se quer emprestar o varal, até farinha se seca nele...

O DOENTE

Nasrudin, sentado na sala de espera do consultório médico, repetia em voz alta:

"Espero que eu esteja muito doente!", o que intrigava os outros pacientes.

Quando o médico apareceu, Nasrudin repetia quase gritando: "Espero que eu esteja muito doente!".

"Por que diz isso, Mullá?", perguntou o médico.

"Detestaria pensar que alguémse que se sinta tão mal como eu não tenha nada!".

O ANÚNCIO

Nasrudin postou-se na praça do mercado e dirigiu-se à multidão:

"Ó povo deste lugar! Querem conhecimento sem dificuldade, verdade sem falsidade, realização sem esforço, progresso sem sacrifício?"

Logo juntou-se um grande número de pessoas, todas gritando em coro: "Queremos, queremos!"

"Excelente!", disse o Mullá. "Era só para saber. Podem confiar em mim.Lhes contarei tudo a respeito, caso algum dia descubra algo assim."

SOBRE OS GURUS

Um famoso guru do povoado pretendia ser capaz de ensinar uma pessoa analfabeta a ler mediante uma técnica relâmpago. Nasrudin saiu do meio do povo.

— Pois bem, me ensine então!

O guru tocou a testa de Nasrudin e disse:

— Agora vá imediatamente para sua casa e leia um livro!

Passada meia hora, Nasrudin voltou à praça do mercado com um livro nas mãos. O guru já tinha ido embora.

— E então, você é capaz de ler agora, Mullá? — perguntaram-lhe as pessoas.

— Sim, posso ler, mas este não é o caso. Onde está aquele charlatão?

— Como pode ser um charlatão se fez com que você conseguisse ler sem nenhum aprendizado?

Este livro, que provém de autoridades indiscutíveis, diz:
“Todos os gurus são uma verdadeira fraude”.

OS MELHORES CONSELHOS

Nasrudin começou a construir uma casa. Seus amigos, que tinham cada um sua própria casa, e eram carpinteiros e pedreiros, o rodearam com conselhos. O Mullá estava radiante! Um após outro, e às vezes todos juntos, diziam-lhe, com conhecimento de causa, o que fazer e o que não fazer. Nasrudin seguia docilmente as instruções que cada um lhe dava. Quando a construção terminou, ela não se parecia em nada com uma casa.

- Que curioso! - disse Nasrudin - e contudo eu fiz exatamente aquilo que cada um de vocês me tinha dito para fazer!

A JUSTIÇA OU O DINHEIRO?

Certo dia, um juiz perguntou ao mestre Nasrudin:

- Mestre, se tivesse que escolher entre a justiça e o dinheiro, o que você escolheria?

- O dinheiro, é claro - respondeu Nasrudin, sem pestanejar.

- O quê?! - disse o juiz. Pois eu escolheria a justiça sem pensar duas vezes!!A justiça não é fácil de ser encontrada. Quanto ao dinheiro, este não é tão raro assim. Podemos encontrá-lo por aí sem grandes dificuldades. Estou sinceramente espantado com a sua opção, mestre Nasrudin. Não o julgava capaz de tamanha ambição, sendo um mestre!

- Meritíssimo, cada um deseja aquilo que mais lhe falta! - respondeu tranqüilamente o mestre Nasrudin.

ENTRE OS AMIGOS E O BURRO

Nasrudin ia montado em seu burro pelo povoado, pensando no que pensar, quando de repente uns amigos lhe chamaram.

O mestre, ao escutar o chamado, desce do burro e vai ter com eles, que começam a recriminá-lo por coisas que fizera ou que deixara de fazer.

Nasrudin, nesse momento, volta até seu burro e com um sorriso lhe diz:

- Que sorte que não falas!

O BARCO E O HOMEM LETRADO

Em dada ocasião, Nasrudin estava em um barco com um homem letrado, quando o Mullá disse algo que contrariava as regras gramaticais.

-Você nunca estudou gramática? - perguntou o homem letrado.

-Não, nunca - respondeu Nasrudin.

-Neste caso, metade de sua vida se perdeu - retrucou outro.

Nasrudin ficou em silêncio durante algum tempo, quando finalmente falou:

-Você nunca aprendeu a nadar? - disse o Mullá ao homem letrado.

-Não, nunca - este respondeu.

-Então, neste caso, toda a sua vida se perdeu. Estamos afundando.

CASA DE BANHOS

Em dada ocasião, Nasrudin chegou em uma casa de banhos, mas como estava com uma roupa velha e a barba cheia de falhas, o atendente o tomou como um vagabundo qualquer. Por isso, tudo que forneceu ao Mullá foi uma tina de água fria e uma toalha velha.

Antes de ir embora, Nasrudin se dirigiu ao atendente, a fim de pagá-lo. O Mullá pagou com uma grande e brilhante moeda de ouro, O que fez com que o queixo do homem caísse.

Uma semana depois Nasrudin voltou à casa de banhos, e embora ainda usasse roupas esfarrapadas, o atendente o recepcionou incrivelmente bem, lhe oferecendo seus melhores serviços.

Antes de ir embora, o Mullá foi pagar o homem, mas desta vez lhe deu uma diminuta e opaca moeda de cobre:

-Mas o que é isso? - perguntou o atendente.

-Essa moeda de cobre é pelo atendimento da semana passada, e aquela moeda de ouro foi pelo atendimento de hoje.

A LUA É MAIS ÚTIL QUE O SOL

Nasrudin entrou na casa de chá proclamando:

- A Lua é mais útil que o Sol!

- Por que, Mullá?

- Porque precisamos de mais luz durante a noite que durante o dia!

CAIU UM MANTO

Ao ouvir um forte estrondo, a mulher de Nasrudin saiu correndo até o quarto.

"Não precisa se preocupar", disse o Mullá, "foi apenas meu manto que caiu no chão".

"O quê? E fez um barulho desses?"

"Sim, é que na hora eu estava dentro dele".

O TOLO QUE ERA SÁBIO

Todos os dias o Mullah Nasrudin ia esmolar na feira, e as pessoas adoravam vê-lo fazendo o papel de tolo, com o seguinte truque: mostravam duas moedas, uma valendo dez vezes mais que a outra. Nasrudin sempre escolhia a menor.

A história correu pelo condado.

Dia após dia, grupos de homens e mulheres mostravam as duas moedas, e Nasrudin sempre ficava com a menor. Até que apareceu um senhor generoso, cansado de ver Nasrudin sendo ridicularizado daquela maneira. Chamando-o a um canto da praça, disse:

- Sempre que lhe oferecerem duas moedas, escolha a maior! Assim terá mais dinheiro e não será considerado idiota pelos outros!

Nasrudin lhe respondeu:

- O senhor parece ter razão, mas se eu escolher a moeda maior, as pessoas vão deixar de me oferecer dinheiro, para provar que sou mais idiota que elas. O senhor não sabe quanto dinheiro já ganhei, usando este truque. E acrescentou:

- Não há nada de errado em se passar por tolo, se na verdade o que você está fazendo é inteligente. Às vezes é de muita sabedoria se passar por tolo. É muito melhor passar por tolo e ser inteligente do que ter inteligência e a utilizar fazendo tolices!

APRENDIZADO

"Como foi que você aprendeu tanto, Mullá?", perguntaram certa vez a Nasrudin.

"Falando muito", respondeu ele.

"Vou colocando em seqüência todas as palavras que me vêm à mente. Quando eu fico interessante, posso ver o respeito no rosto das outras pessoas. Na hora em que isso acontece, começo a tomar nota do que disse".